quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Resenha :O que é o virtual ? Pierre Lévy

No livro O que é o virtual? de Pierre Lévy publicado em 1996, o autor aborda de forma bastante abrangente, as conseqüências que a virtualização provoca na sociedade moderna.
No primeiro capítulo, Lévy através de uma abordagem conceitual, mas ao mesmo tempo contextualizada e reflexiva, o autor desmistifica uma série de convenções, dentre elas a oposição fácil e enganosa entre o atual e o virtual, afirmando que o virtual tende a atualizar-se, sem ter passado, no entanto à concretização efetiva ou formal. Portanto tudo aquilo que tem potencialidade para se concretizar. Após nos leva a refletir sobre atualização e virtualização, esta definida como um movimento inverso da atualização. Consistindo em uma passagem do atual ao virtual. E um dos principais vetores da criação da realidade.

Afirma também, que a virtualização por desconexão em relação a um meio particular não começou com o humano. Ela está inserida na própria história de vida.
No segundo capítulo, A virtualização do corpo, Lévy afirma que o que experimentamos hoje é uma nova etapa na aventura de auto-criação que sustenta a nossa espécie.Os sistemas ditos de realidade virtual nos permite experimentar, além disso,uma integração dinâmica de diferentes modalidades perceptivas.Podemos quase reviver a experiência sensorial completa de outra pessoa.Ao se virtualizar o corpo se multiplica.
Contudo o limite jamais está definitivamente traçado entre a heterogênese e a alienação, a atualização e a reificação mercantil, a virtualização e a amputação. Esse limite indeciso deve ser constantemente considerado,avaliado com espaço renovado,tanto pelas pessoas no que diz respeito à sua vida pessoal,quanto pelas sociedades no âmbito das leis.
O terceiro capítulo, A virtualização do texto, diz que desde suas origens, o texto é um objeto virtual, abstrato, independente de um suporte específico. Essa entidade virtual atualiza-se em múltiplas versões,traduções,edições,exemplares e cópias.
Afirma também que, o espaço do sentido não preexiste à leitura. É ao percorrê-lo que o fabricamos, que o atualizamos. Neste capitulo também, aborda sobre A escrita e virtualização da memória, aonde com o aparecimento da escrita acelerou um processo de artificialização, de exteriorização e de virtualização da memória que certamente começou com a hominização. O hipertexto:virtualização do texto e da leitura também é um dos tópicos citados neste capítulo, quando fala que um ato de leitura é uma atualização das significações de um texto e que o suporte digital permite novos tipos de leituras(e de escritas).Discorre também sobre O ciberespaço, ou a virtualização do computador,quando o computador não é mais o centro, mas um pedaço,um fragmento da trama.O próprio ciberespaço.No ciberespaço,qualquer ponto é diretamente acessável a partir de qualquer outro.
Os dispositivos hipertextuais nas redes digitais desterritorializaram o texto. Fizeram emergir um texto sem fronteiras nítidas, sem interioridade definível.É como se a digitalização estabelecesse uma espécie de imenso plano semântico, acessível em todo lugar, e que todos pudessem ajudar a produzir.
Segundo Lévy, no quarto capítulo, A virtualização da economia, a economia contemporânea é uma economia da desterritorialização ou da virtualização. E o setor financeiro, coração pulsante da economia mundial, é sem dúvida uma das atividades mais características da escalada da virtualização.Pode-se sonhar com uma atividade financeira ainda mais inteligente, capaz de explorar várias hipóteses de avaliação ao mesmo tempo, que daria prova de imaginação e projetaria vários futuros em vez de reagir principalmente de um modo reflexo.Afirma também que o consumo de uma informação, não é destrutivo e sua posse não é exclusiva,porque a informação é virtual.

No quinto capítulo, Pierre Lévy, analisa As três virtualizações que fizeram o humano: A linguagem, a técnica e o contrato. Onde a virtualização dos corpos, das mensagens e da economia ilustra um movimento contemporâneo muito mais geral em direção ao virtual. Ele propõe, pensar esse movimento como a busca de uma hominização continuada.Quanto ao nascimento das linguagens,ou a virtualização do presente três processos de virtualização fizeram emergir a espécie humana: o desenvolvimento das linguagens, a multiplicação das técnicas e a complexificação das instituições.Afirma também que a linguagem virtualiza um tempo real e a partir da invenção da linguagem, nós, humanos, passamos a habitar um espaço virtual.
No sexto capítulo: As operações da virtualização ou o trívio antropológico merece destaque, a hipótese defendida pelo autor de que as operações gramaticais, dialéticas e retóricas, chaves da capacidade virtualizante da linguagem, caracterizam igualmente a técnica e a complexidade dos relacionamentos. Afirma também que a informática é a mais virtualizante das técnicas por ser também a mais gramaticalizante.
O sétimo capítulo: A virtualização da inteligência e a constituição do sujeito, evoca o surgimento do objeto como conclusão da virtualização. Define a inteligência coletiva como uma inteligência distribuída em toda parte, continuamente valorizada e sinergizada em tempo real. Entre todos os fatores que coagem a inteligência coletiva,as tecnologias intelectuais que são os sistemas de comunicação,de escrita,de registro e de tratamento da informação desempenham um papel considerável.
Neste capítulo, propõe aproveitar esse momento raro em que se anuncia uma cultura nova para orientar deliberadamente a evolução em curso.
Oitavo capitulo: A virtualização da inteligência e a constituição do objeto,neste capítulo o autor dá exemplos de coletivo inteligente unido pela circulação de objetos.Bem como, afirma que tais objetos emergem de uma dinâmica de inteligência coletiva que virtualiza certas manifestações particulares.Define também,o ciberespaço como objeto e nos leva a concluir que o ciberespaço oferece objetos que rolam entre os grupos memórias compartilhadas,hipertextos comunitários para a constituição de coletivos inteligentes.Ao final deste capítulo,discorre que o objeto marca ou traça as relações mantidas pelos indivíduos uns frente aos outros.Ele circula física ou metaforicamente entre os membros do grupo e permite não apenas levar o todo até o individuo mas também implicar o individuo no todo.
No nono capítulo, conclui que embora vivamos hoje sua aceleração, a virtualização não é um fenômeno recente, como tentou mostrar em outros capítulos. E que possível,real, virtual e atual assumem naturalmente um lugar em suas respectivas casas.Cada um deles apresenta uma maneira de ser diferente. Mas quase sempre operando juntos em cada fenômeno concreto que se pode analisar.

1 comentários:

Educação: da Intenção a Ação disse...

Esta parece ter sido a obra mais procurada para a resenha da turma, Acredito que o título nos chamou atenção: O QUE È VIRTUAL? Afinal estamos mergulhados neste contexto desde que iniciamos este curso.
Parabéns pela resenha. Confesso que cada uma que leio acrescendo algo a mais em minha reflexões.
Bj, Saudades!
Lu

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